Floresta ao Norte do Canada

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Já fazia algum tempo que estávamos voando naquele maravilhoso avião, ou quinjet, como queiram chamar. A tecnologia desse veículo era tão incrível que assemelhava-se com as obras primas produzidas em Wakanda, porém nada tão perfeito como o que fazemos lá.

Bobbi deixara bem claro que estávamos livres para fazer o que bem entender em nossas missões. Tínhamos passe livre para matar qualquer um que entrasse em nosso caminho e cá entre nós, eu acabaria matando alguém mesmo se não fosse permitido. O que posso fazer? É a minha vida.

Fomos guiadas até uma grande sala composta por diversos armários que continham inúmeros equipamentos sofisticados que poderiam nos ajudar em nossas diversas missões.  Fiquei encarando alguns bastões e espadas, mas a minha arma preferida estava ali presente: uma besta, porém essa era um pouco diferente da qual eu estava acostumada. Era mais moderna, bem mais portátil para ser capaz de leva-la entre as roupas sem ser notada e seus dados eram feitos não somente de madeira ou ferro, tinham alguns especiais com capacidades incríveis como explosivos e soníferos.

— Não vejo a hora de poder usá-la – Disse, passando a mão em cima da superfície da arma.

Amnit e Victoria também estavam admirando os armamentos enquanto trocavam de roupa. Nosso uniforme era feito de um material adaptável ao corpo de cada indivíduo que estava usando-o e, ao vesti-lo, o senti encaixar-se perfeitamente em mim. Era quase uma segunda pele. Assim que ficamos prontas, Bobbi nos reuniu na sala de comando para passar nossa próxima missão: infiltração. Precisávamos nos infiltrar em uma antiga base da S.H.I.E.L.D. altamente protegida para colocar dois pequenos dispositivos para conseguirmos rastrear o sinal captado pela Amnit.

Fácil demais. Enquanto Kaldor estava com o dispositivo para hackear enquanto fiquei com o que seria a nossa bússola, nosso guia para chegarmos no destino que o sinal leva. O coloquei dentro do bolso, assegurando que não iria cair em algum lugar enquanto eu estivesse correndo ou quem sabe, lutando.

— Não se preocupe, Victoria – Respondi. A loira havia informado que a parte chata ficaria com ela, afinal não era uma guerreira ou assassina como Tov e eu éramos. — Faremos o necessário, principalmente para protege-la, caso precise.

Segundo ela, havia cientistas presentes na base que iríamos invadir. Nada bom. Apesar de gostar de uma boa matança, preferia que fosse em uma luta digna entre soldados, guerreiros e não simples homens ou mulheres que mexem com ciência e tecnologia. Não dava prazer algum acabar com ele.

— Ainda bem que estarei levando essa belezinha – Disse a mim mesma, passando a mão na besta acoplada na minha perna direita. — Está na hora de pularmos, meninas!

Estava em frente a porta do quinjet, que pairava alguns metros acima do nosso objetivo. Um pequeno paraquedas criado especialmente para missões sigilosas estava preso em nossas costas e com um sorriso em meu rosto, saltei.


Conseguimos entrar com sucesso. Não fomos detectadas – ainda – por ninguém ou nenhuma tecnologia presente naquele local. Já havíamos nos separados, cada uma foi em direção a parte que ficaram responsáveis para cuidar. Com uma cópia da planta em minhas mãos, verifiquei que a sala de computadores onde meu dispositivo deveria ser instalado encontrava-se no fim de um pequeno corredor da base.

Parece que Tov havia conseguido abrir caminho com sucesso, afinal consegui entrar na base sem enfrentar nenhum obstáculo. Porém, ao chegar em meu destino, notei que haviam três guardas presentes na área, parados em pontos estratégicos e segurando armas poderosas, além de alguns cientistas vagando de um lado para outro, entrando e saindo das outras salas. Se fosse realmente fácil demais, não teria graça, não é?

Estava agachada, escondida atrás de uma pilastra na entrada do corredor. Peguei a besta que estava em minha perna direita e acionei os dardos soníferos. Respirei fundo e realizei uma sucessão de disparos nos cientistas que estavam caminhando, derrubando-os com precisão. Assim que o primeiro caiu, os soldados ergueram suas armas e saíram de seus pontos, verificando o que havia acontecido. O pavor já havia tomado conta do ambiente, os cientistas que sobraram começaram a entrar nas outras salas a pedido dos homens armados, se trancando para evitar serem mortos ou acabarem perdendo dados importantes.

Quando os homens se aproximaram de onde eu estava, o bracelete em meu braço ganhou vida e escorreu pela minha mão, tomando a forma de uma lança com a ponta de cabeça de serpente. Saltei para fora do meu esconderijo, caindo atrás deles e sem pensar duas vezes, ataquei o primeiro com a lança, passando-a por entre suas pernas para derrubá-lo. Os outros dois estavam prestes a efetuar disparos e graças as minhas condições sobre-humanas, meus reflexos foram extremamente aprimorados, o que me permitiu reagir com antecedência aos ataques deles.

Girei a lança que bateu em seus braços, impedindo que eles atirassem. Concentrando toda a minha força em meus pés, desferi um chute que jogou um dos soldados contra a parede, fazendo-o desmaiar com o impacto. O soldado que sobrou estava pronto para atacar, mas dava para notar o medo que estava sentindo naquele momento, até porque sua arma estava tremendo. Fiquei parada por um momento, esperando-o atirar.

Um silêncio tomou conta do lugar. Assim que ele tentou apertar o gatilho, puxei a besta da perna e soltei um dardo sonífero em sua perna, observando-o cair em um belo sono. Cometi um terrível erro em um combate: dei as costas para um inimigo. O primeiro soldado que ataquei ainda estava bastante acordado e sem hesitar, ele atirou em minhas costas, me jogando ao chão em uma certa distância.

Isso poderia ter me matado se eu fosse uma pessoa normal e se não estivesse usando meu novo uniforme. Cada uniforme possuía uma peculiaridade, ajudando os membros da equipe a se sobressaírem em combate. O meu foi feito especialmente para me dar resistência em um mundo dominado por armas de fogo ou energia, ele absorveria o impacto e não deixaria que as balas atravessassem o tecido. Mas isso não impedia que eu não sentisse dor. E pode apostar, isso doeu bastante.
Permaneci caída e quando o soldado aproximou-se para verificar se eu estava morta, dei um rasteira em suas pernas, derrubando-o mais uma vez.

— Sinta-se grato por eu não o matar – Disse, dando um soco em seu rosto para fazê-lo desmaiar.

Me levantei completamente dolorida, mas isso não poderia me impedir. As salas do corredor estavam trancadas, deveria ser algum processo de segurança para impedir que nada seja roubado caso haja uma invasão. Parei em frente a última sala, era a única que me interessava.

— Como já dizia uma grande pensadora contemporânea – Comentei, concentrando minha super força em minhas pernas. — A determinação de uma mulher pode mover montanhas.

Com um chute incrivelmente forte, derrubei a porta. Ao entrar na sala, um bando de cientistas estava escondido, quase chorando. Aquilo era engraçado. Com a besta em mãos, soltei os dardos para fazê-los dormir, me aproximando do computador central para instalar o dispositivo que estava em meu bolso.

Acionei o comunicador em meu ouvido, a rede estava conectada com todos os membros do grupo. — Wanheda para time – Disse, verificando os dados que apareciam na tela do computador. — Missão concluída. O dispositivo está instalado.

Um sorriso involuntário se contraiu no meu rosto quando Bobbi concordou com as minhas condições. Balancei a cabeça e a seguimos à uma grande sala com diversos armários fechados. Ela explica o quão sofisticado e avançado o quinjet era. Essa belezinha poderia aguentar mais do que eu presumia e a melhor parte é o seu conteúdo, munido de tecnologia e poder bélico. Uma combinação perfeita.

Após a explanação de Bobbi sobre o sinal, Kaldor assumiu a responsabilidade pelo plano estratégico de infiltração e instalação dos dispositivos. — Mas poderia ser se quisesse. — Digo a loira num tom neutro em meio a música. — Ser uma assassina. Mira você tem até de sobra. — Gracejei antes de deixa-la trabalhar. E, quase seis minutos depois, Kaldor detalhava minuciosamente o que cada uma deveria fazer. — Sem problemas. Posso cuidar fácil dos obstáculos.

Fiz uma última visita a sala de armas, ponderando o que seria mais apropriado para o nosso propósito. Arrastei os dedos sobre as armas, toquei nas lâminas afiadas e admirei o brilho delas. Magnificas. Então, fixo os olhos nos explosivos de lacre alaranjado. Peguei uma, sentindo o peso na mão. Hmmm. Isso pode funcionar. Peguei seis delas e as coloquei dentro de uma pequena bolsa. Satisfeita, rumei direto para o compartimento de carga.

***
Antes de nos separarmos, Kaldor, Enzi e eu ratificamos o plano. Vendo que tudo estava em ordem, seguimos rapidamente para as nossas posições. Minha especialidade é matar, na verdade sou a melhor das melhores, porém para que esse plano desse certo teria que quebrar um de minhas regras. Um pouco de exibicionismo vai ser necessário. Posicionei as bombas de lacre alaranjados em pontos estratégicos da relva e ao terminar, retrocedi alguns passos e coloquei o EMP no chão.

Liguei o equipamento e me afastei mais um pouco. Meu objetivo é aumentar o alcance efetivo dele, alcançando basicamente toda a base. Qualquer eletrônico pego nesse pulso irá ser apagado. É nesse momento que Enzi e Kaldor irão agir. E, para que eu não seja atingida ou tenha algum efeito colateral, meu uniforme desempenhará dois efeitos complementares: a absorção e a reflexão das ondas eletromagnéticas, permitindo que eu saia ilesa.

Concentrei-me no EMP. Meus olhos reluzem e num clique, o dispositivo gera uma enorme onda eletromagnética, fazendo drones, câmeras de vigilância, alarmes de proximidade e de temperatura despencarem. No segundo seguinte, lancei uma bola de energia e a faço explodir em pura luz. O silêncio foi quebrado pelo ruído de galhos sendo quebrados por botas pesadas. Morderam a isca. Não movi um músculo enquanto uma dúzia ou mais de homens uniformizados paravam diante de mim. Eles apontaram suas armas e estavam determinados a apertar o gatilho.

Um deles ordenou, ou melhor, vociferou que eu me mantivesse parada e logo questionou minhas intenções. Esse aí estava seguindo as diretrizes à risca. Tolo. Quando sentir a aproximação de mais soldados, a bola de luz esvaeceu, deixando-nos na escuridão. Foi nesse momento que o estalido de seis bombas disparou. Diferente de outros explosivos, estas foram manipuladas para serem acionadas quando o mecanismo principal fosse pisado, ativando as bombas escondidas e lançando estilhaços de si mesmas e de objetos próximos para causar o maior estrago possível.

Uma vez que estava em uma distância segura, pude vislumbrar e escutar o insano grito dos soldados, o estampido dos tiros que iam em direções aleatórias, a carne e ossos sendo esmagados, um por um. Sorrio para a melodia assassina, meus olhos reluzem de excitação e pura energia. Confesso que a cena me fazia sentir mais viva do que nunca. Isso é bom ou ruim? Ignoro o fato por um segundo, pois quando o ímpeto cessou, mais homem apareceram e dessa vez, sequer pestanejaram em fazer perguntas. — Ótimo, agora é hora do aquecimento.

Puxava a adaga escondida das costas à medida que criava uma bolha energética para o EMP e corria para a proteção das arvores. Não queria que ele fosse destruído antes do tempo. As balas zuniam, o som cortava o vento e troncos eram quebrados pela violência. Precisava de uma abordagem mais impetuosa. Respirando fundo, criei um constructo em forma de escudo tático, avancei contra os soldados e arremessei três bolas de energia para o alto. Uma chuva de feixe de luz caiu velozmente acima dos soldados, perfurando-os como projéteis em brasas.

Meus movimentos seguintes tornaram-se automáticos; cortar, esfaquear, queimar e matar. Escutei malmente as palavras de Kaldor no meu ouvido, mas meus lábios se contraíram na menção do elevador. — Estou quase terminando. — Digo enquanto dava um chute giratório no queixo do soldado e quebrando o pescoço de outro. — E vocês com esses codinomes estranhos. — Como no exército, todo assassino tinha um nome, uma palavra código que identificava ele ou ela e talvez desse uma dica sobre sua especialidade. O meu é: — Furia, em prontidão. — Falei, me aproximando do EMP e o desligando para que os dispositivos das garotas fossem ativados.

extra:

Muita coisa pode mudar em um único dia. Sobreviver a um estalar de dedos pode te fazer ver o mundo de uma outra perspectiva. Há uma frase que meu mestre sempre repetia; viva a vida como se hoje fosse o último dia, porque um dia vai ser. Quem diria que o bastardo também previsse o futuro. Provavelmente, ele estaria rindo deste caos como se tudo não passasse de uma tolice mundana ou de mim por ingressar num grupo com o objetivo de matar Thanos. O meio sorriso debochado escapa do canto dos meus lábios enquanto era puxada violentamente pelo cabo preso no quinjet.

Escalamos o cabo e entramos rapidamente no compartimento de carga. Tirei o cinto de extração e o arremessei em um canto do veículo antes de jogar minha bunda no assento mais próximo. — Foi bem divertido. — Digo indiferente, mascarando o cansaço ao mesmo tempo em que pousava as pernas em cima de caixas e limpava o sangue da adaga nas coxas para embainha-la. — Aonde será nossa próxima invasão?

Eu bufei quando Bobbi interveio, presenteando-nos com a informação de que algo estava nos perseguindo. A mulher mal tivera tempo de nos avisar e o quinjet oscilou bruscamente para ambos os lados. Ser lançada para as laterais feito uma boneca de pano não é a coisa mais confortável que eu já senti e, a raiva veio no momento em que a nave se estabilizou. Pudemos escutar perfeitamente os ecos de garras sendo cravadas na estrutura enquanto estávamos no chão. — Algo ou alguém acabou de assinalar a própria sentença de morte. — Rosnei. Balanço o cabelo recém cortados e me levanto, caminhando a passos largos para a sala de equipamentos.

Analisei brevemente minhas opções e escolhi as botas gravitacionais. — Escolho essas belezinhas. — Cantarolo venenosa. Alarguei o sorriso e, deixei a frieza aparecer em meus olhos heterocromáticos. — O segundo round está começando garotas. Vamos cumprimentar o nosso não estimado convidado e lhe ensinar boas maneiras.

***
O vento gritou nos meus ouvidos e açoitou minha pele várias vezes. O uniforme me aquecia, mas sentia o corpo todo estremecer pela adrenalina. Maldito seja. Era a primeira vez que eu ficava grudada acima de uma nave em movimento e ainda encarava um tipo de robô bizarro. Khara! Aspirei uma respiração e exalei devagar. Os meus lábios tremiam pela euforia. Não. Não posso perder o controle. Ceder a esta fraqueza emocional. Fechei os olhos e quando abrir novamente, mirei o robô como um assassino, como a Furia. Fria. Clínica. Independente. E, determinada.

— Passarinho, você se agarrou ao ninho errado. Meu trabalho é eliminar os indesejados. E, eu sou muito boa nisso. — E eu preocupada que esse seria um trabalho entediante. Cerrei os pulsos e então, avancei velozmente contra o robô. Sequer notei a diferença de correr com as botas gravitacionais, a sensação do peso extra era notória, mas não o suficiente para limitar meus movimentos. Quando vi a oportunidade, abaixei o corpo e impulsionei a perna direita a frente, intentando uma rasteira nele. Em seguida, alcei os braços e liberei um forte feixe de pura energia solidificada.

extra:

Por que o dia fica melhor depois que você bate em alguém? A sensação que percorre seu corpo depois de liberar toda a sua fúria é satisfatória. É uma pena que tivemos que sair às pressas daquele lugar, aposto que haviam mais e mais soldados altamente armados prontos para um belo combate até a morte.

Utilizamos cabos presos ao quinjet para sairmos da base, sendo puxadas com uma força impressionante. Amnit e Victoria haviam enfrentado seus próprios desafios e mais uma vez suas habilidades me impressionaram. Elas não eram simples mulheres com poderes extraordinários. Estou louca para desafiá-las para um combate.

— Somos uma boa equipe, não é? – Perguntei, olhando para as mulheres com um sorriso no rosto.

Tov já estava louca para saber qual seria nosso próximo destino, porém algo aconteceu. Um inimigo surgiu. A aeronave estremeceu com o impacto de seu golpe, deixando bem claro o quão perigoso e poderoso ele era. Assim que o veículo estabilizou, me levantei e parti em direção à sala de equipamentos acompanhada pela Amnit, onde pegamos botas gravitacionais para nos ajudar a ter um combate justo fora do quinjet.

— Mas o que é isso? – Indaguei, incrédula com o que acabara de ver.

Victoria Kaldor estava em chamas. Isso mesmo que você leu. A comandante havia saltado sozinha e utilizou seus poderes para permanecer em voo constante, enquanto Tov e eu estávamos presas na superfície da nave. Exibida.

O que uma guerreira sem poderes emissores como eu poderia ser útil naquele campo de combate? Estava me sentindo impotente ali. Enquanto as garotas atacavam a fera tecnológica, fiquei recuada, respirando fundo.

As lâminas de uma guerreira são apenas uma de suas armas. Esse pensamento ecoa na minha cabeça constantemente, sempre que entro em uma situação de difícil controle como essa, cravada por anos de treinamento com as Dora Milaje. Conheça o alvo. Conheça o terreno. Qualquer coisa pode servir de ferramenta para garantir o abate.

— Também tenho alguns truques na manga – Comentei, concentrando toda a minha força nos braços e em um movimento rápido, bati as duas mãos para emitir uma onda de choque no inimigo.

Aproveitando o impacto momentâneo do meu ataque, me aproximei da máquina e mais uma força, utilizando toda a força dos meus braços, desferi um super soco em seu corpo robótico.

O robô é lançado para longe com o nosso ataque, mas um minuto depois o bastardo reaparece. Não pude conter a expressão de surpresa ao ver o frangote-Ross no interior da máquina. Mas que merda é essa? A voz da Bobbi reverbera tão alto que a vibração atingiu até as solas das botas gravitacionais. Conseguia imagina-la pular da cadeira de controle e se atirar no pescoço do Robô-Ross. Dei um sorriso frio. Nisso eu poderia ajudar com muito prazer.

De repente, quatro luzes dispararam em nossa direção. O quinjet é atingido e desestabiliza, girando várias vezes no ar. Faço o possível para não ser alvejada enquanto tentava me manter firme na superfície da nave, no entanto, as botas momentaneamente se desprendiam, fazendo meu sangue gelar. Elas não aguentariam por muito tempo os movimentos coercivos do quinjet. E naquele exato segundo, meus pés se soltam da estrutura metálica. Balancei os braços no ímpeto de agarrar algo, porém o fascinante quinjet era isento de suportes. Khara!

Meu último recurso foi utilizar meus poderes. Envolvi o corpo em energia e ao contrair o maxilar, eu lentamente começo a flutuar. Durante meus anos como uma assassina, eu tinha passado por poucas e boas, mas nunca achei que uma ideia estupida daria certo. — As coisas estão ficando cada vez mais divertidas. — Cerrei os pulsos e meus olhos recaem em Enzi. Dei a volta no ar e planei na direção dela, pegando-a pelos braços antes que suas botas falhassem. — Hey, descobrir que posso voar. — Falei num sotaque pesado enquanto exibia o sorriso felino. — Tenho um plano. Quer participar dele? — Eu pisquei para ela e voei mais alto que pude.

— É bem simples, vou te arremessar no Ross-Robô e então você faz a sua coisa que eu farei o meu. Mata-lo é o principal objetivo. Preparada? — Fui em frente com o plano, impulsionando o tronco para ambos os lados; rodei o suficiente para lançar Enzi numa velocidade descomunal contra o Ross-frangote. E, sem perder tempo, disparei dois feixes energéticos no sentido adversário. Os feixes solidificados se moveram numa parábola com o propósito de acertar as suas costas.

extra:

Desespero. Essa era a palavra que me definia no momento. Apesar dos ataques terem sido efetivos naquele robô, ele resistiu e retornou, mas agora com algumas surpresas. O velho que salvamos em outra missão, agente Ross, estava no interior da máquina, utilizando-a como uma ferramenta para deter nossa equipe, nosso objetivo. Eu não posso deixar ninguém parar minha vingança.

Ross efetuou alguns disparos que acertaram em cheio a nave, desestabilizando-a. As botas gravitacionais ainda funcionavam, mas por pouco tempo, antes que todos ali caíssem junto com o veículo e explodissem ao tocar o chão. Esse não pode ser o meu fim.

Amnit estava exibindo suas novas habilidades ao meu lado, ela flutuava em meio ao caos causado pelo inimigo. Era outra exibida. Pelo visto, eu era a única da equipe desprovida de superpoderes que me façam voar, porém, a garota tinha uma ideia em mente: um contra-ataque me usando como arma.

— Contanto que isso não me mate no meio do processo. – Sorri em resposta à Tov.

Enquanto era carregada por Amnit no ar, meu chicote escorreu pela mão e transformou-se em uma lança, me preparando para o ataque. Assim que fui lançada, concentrei toda a minha super força nos pés, aumentando ainda mais o poder do impacto em cima do Ross-robô.

— Eu deveria tê-lo matado quando tive a chance, velhote.

Em um rápido movimento, girei a lança e cravei a ponta no peito da máquina, tentando ao máximo causar estragos em seu sistema.

Nosso plano tinha sido bem-sucedido. Conseguimos derrubar o Rossbô e Kaldor foi capaz de salvar, pelo menos, poupar uma boa parte do quinjet. Simultaneamente, impulsionava o corpo para baixo com os braços fechados, reduzindo o atrito do ar e deixando que a gravidade acelerasse minha queda. O movimento foi o suficiente para que eu pudesse alcançar Enzi antes que ela atingisse o solo. Aterrissamos próximo de Kaldor e logo a ajudamos a se recompor.

Joguei o cabelo para o lado enquanto encarava o rastro de destruição que a nave causou. Eu soltei um assobio agudo, um tanto impressionada de que o estrago era até que razoável. O suor escorreu da nuca pelas costas e faço menção de abrir a boca para dizer algo, mas a fecho quase de imediato quando escutei um ruído vindo de um canto da relva. Franzi o cenho e para a nossa surpresa, o maldito Rossbô ressurge das sombras. — O cara é persistente. — Digo amarga, ajeitando o corpo e cerrando o pulso com força. — O mal dos humanos é não saber desistir de certas coisas. Está na cara que você não vai conseguir o que quer, poderia pelo menos ter se fingindo de morto e escapar, mas não, prefere a pior opção, a morte. — Zombei venenosamente.

Inspirei fundo no momento em que as peças do bastardo vieram voando, encaixando no corpo dele uma por uma. O miserável ainda tinha algumas cartas na manga. Interessante. Porém isso não tardaria a sua inevitável morte. — E o meu objetivo será cortar essa sua língua com uma lâmina cega. — Arqueei uma sobrancelha e aprumei o corpo em posição de combate. — Vocês atacam e eu dou conta desse jogo de luzes. — Gritei por cima dos sons dos disparos. De súbito, meus olhos brilham e levito, alcançando meus poderes rapidamente.

Na mesma potência, criei um conjunto de esferas energéticas e então, elas se dividiram e serpentearam velozes contra os feixes de Rossfrangote. Em seguida, ergui os braços para os lados e projeto constructos em forma de escudo em torno de Kaldor, Enzi e de mim, protegendo-nos dos ataques.

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Essa era uma das melhores missões das quais já participei, afinal estava recheada de emoções. Kaldor conseguiu ajudar a nave pousar sem que explodisse no percurso, enquanto fui salva pela Amnit, que me segurou enquanto voava para que não acabássemos mortas ao cair daquele veículo. Como eu disse, altas emoções por aqui.

Fomos ajudar Victoria e Bobbi depois que chegaram em terra firme e para nossa surpresa, não fomos as únicas a saírem ilesas. Rossbô surgiu dos arbustos da floresta, completamente danificado pelos nossos ataques e mesmo assim, ele persistia. Estava completamente determinado em acabar com nossa equipe e deixou isso bem claro em suas frases robóticas, que na verdade eram um pouco engraçadas.

— Vai ter que passar no ferro velho antes, tá? – Zombei, exibindo um sorriso sarcástico. — Porque esse modelinho aí não vai durar muito tempo.

O robô não estava muito afim de brincadeiras. Usando toda a energia que lhe restava, ele concentrou um poderoso ataque e o liberou a partir de seu braço, só que havia um problema nisso tudo: quando se trata de energia, Amnit é uma deusa nesse assunto. A garota usou seu poder para nos defender do ataque inimigo, nos cobrindo com um poderoso escudo.

— Pode deixar com a gente, Tov! – Respondi, fechando os olhos enquanto sentia meu poder fluir em meu corpo. — Vou esmagar esse idiota.

Assim que abri meus olhos, eles brilhavam em um castanho reluzente e em um rápido movimento, utilizei a força dos meus braços para disparar uma onda de choque contra a máquina.

— A-FORCE FOREVER! – Gritei o mais alto que conseguia, saltando em direção ao inimigo em seguida, usando toda a força presente em meus braços para soca-lo com toda raiva e poder que existia dentro de mim.