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Aula 3º - Morinth

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Mensagem por Morinth Sáb Jun 07, 2014 9:51 am

I remember you
I remember your blood and power

As íris brancas de Fornax voltavam-se para a superfície do espelho. Ele comtemplava de forma ambiciosa e quase curiosa o outro mundo que em muito se diferia à Odraz. As pessoas do outro lado voavam apressadas de um lado para o outro na rua movimentada da cidade que mostrava-se ali, preocupadas com seus próprios problemas e alheias às verdades invisíveis que se passavam em seu próprio planeta. Morinth sentiu apenas desprezo por aqueles seres. A inocência deles em relação à própria vida e realidade a incomodava. Fornax, no entanto, parecia num ponto quase de admiração pelas criaturas coloridas. O olhar da Rainha em direção ao subordinado era um misto de descrença e desprezo.  

– Gosta deste mundo, General? – A pergunta foi feita naquelas diversas vozes que soavam quase como um sussurro sinistro no Labirinto.

Fornax conteve sua expressão e virou-se para a Rainha curvando-se levemente. Sua resposta fora um “Não, senhora.”, como a mulher sabia que seria. Um sorriso delineou-se nos lábios finos dela, deixando à mostra as grandes presas. Seus olhos totalmente negros fitavam ainda o espelho à frente. Uma das criaturas daquele mundo aproximou-se dele fitando-se e arrumando as pequenas flores coloridas em seu cabelo lilás. A criatura não via o que estava além; ela não via que do outro lado um ser digno de pesadelos à fitava em troca. Os pequenos flocos espelhados da roupa da Rainha fizeram um ligeiro som quando ela virou-se para o General.

– Eu não gosto quando mentem para mim, Fornax. – Morinth disse com um sorriso ainda no rosto.  – Chame as tropas de Zandéia e alguns do exército Krogan. Não quero nenhum desses seres coloridos, pequenos e com asas no meu planeta.

▲ ▲ ▲
Muitas coisas ela ainda não conseguia entender. Não apenas em relação aos estranhos humanos, mas em relação à todos os seres que já viera a conhecer. A maioria agia de forma esquisita em determinadas situações: choravam, imploravam, pediam; e pagavam qualquer preço para se ter ajuda para algo. Não eram apenas os terráqueos assim, outros seres agiam de forma igualmente medíocre.

Em meio a aula que passava as memórias vinham à sua mente, assim como na primeira aula as premissas do professor traziam fortes recordações do seu passado. Ela queria que todos aqueles devaneios não ocorressem, mas mais uma vez o corpo humano não parecia a obedecer. Indignada, a Rainha restringiu-se à um suspiro de insatisfação enquanto permeava entre o presente e o passado. No fim da explicação de Sebastian, as perguntas vieram, e à cada resposta um flash caminhavam junto.

–  Por que é bom treinar a memória? – Perguntou o professor com aquele sorriso irônico tão fixo de seu rosto.

Outros já respondiam à pergunta, logo chegou a vez da Rainha que com sua expressão gelada e indiferente respondera fitando o tal professor.

–  Porque quando cria-se uma história sobre a mentira que estás a contar, fatos e detalhes podem estar em tamanha quantidade que lembra-se de todos eles virá a ser algo difícil de se fazer, e, caso esqueça de alguma situação ou particularidade todo o enredo que criará cairá por terra e ficará claro que tudo o dito não passara de uma mentira.

A lembrança levou-a novamente para o dia da invasão à N’Ogor, o país das criaturas que os humanos associavam à fadas. Morinth já havia levado Fornax de volta para Odraz para a preparação da invasão. Ali, sozinha no Labirinto, a Rainha caminhava calmamente passando pelos diversos e mais diferente espelhos possíveis, que flutuavam sem uma estrutura fixa, afinal, não havia chão, paredes ou mesmo um teto no Labirinto, o local era como um limbo infinito.

Todos os espelhos passavam imagens aleatórias de seus respectivos planetas. Uns eram belos, com cores não tão fortes e formas belas. Outros, no entanto, assimilavam-se à desertos, ou eram totalmente destruídos por guerras ou fúria de seu próprio planeta. Em meio àquelas visões diferentes e distantes ela ouviu alguém a chamar por uma voz única e chorosa; quase uma espécie de súplica. Os passos da Rainha não possuíam som algum, seus cabelos compridos e alvos balançavam sem que houvesse vento, tal como o longo vestido branco. Não apenas pelos tons claros, Morinth poderia ser confundida como uma assombração ou divindade, enquanto sua pele parecia cintilar como diamante.

Em um espelho emoldurado em ouro e com detalhes perfeitos Morinth enxergou inscrições diferentes e em sua própria língua ela viu o nome daquele lugar: Asgard.  Ali, no reflexo do espelho uma mulher de longos cabelos loiros e profundo olhos azuis o fitava envolta por uma aura azulada. Sua expressão era firme e severa, mas seus olhos e voz eram embargados pela tristeza e desespero. A mulher conteve uma exclamação de alívio e susto quando através do espelho surgira Morinth. Fora a vez da Rainha exibir uma ligeira surpresa mistura à curiosidade.

–  Hm... Interessante. Uma maga, certo? O que deseja? – Perguntou as várias vozes de Morinth ao mesmo tempo que soavam aterrorizantemente do outro lado do espelho.

Não que a Rainha ligasse para o que a mulher desejasse realmente, mas a curiosidade pelo motivo daquela asgardiana entrar em contato com o ser que conquistava e destruía mundos era de fato tentadora.

–  Eu preciso de tua ajuda, Morinth, viajante de mundos. Retribuo-lhe com o que desejares. – Disse a loira despertando ainda mais o interesse da odraziana.

A voz do professor novamente a puxou à realidade, embaçando e afastando as lembranças do devaneio por aquele momento.

– O que torna uma mentira incorruptível?

–  Basicamente a crença das pessoas. Não apenas humanos, como qualquer ser, tende a acreditar em grandes histórias passadas e contadas por várias pessoas ou gerações. O tempo, misturado a disseminação da informação atuam perfeitamente para sua mentira criar raízes tão profundas que mesmo se expostas como mentira ela ainda será acreditada. Às vezes nem mesmo faz-se necessária a atuação de um tempo tão longo, apenas a difusão da mentira por mais de um grupo, raça, comunidade ou sociedade já é o bastante para dar-lhe nome e valor significativo o suficiente. – Ela sorriu de lado ao fim da frase enquanto a sua eu da memória fazia o mesmo.

Na lembrança, a asgardiana do outro lado começou a contar-lhe sua história, dizendo sobre sua vida e a de sua família. Até então nada que importasse um mínimo para os desejos e objetivos da Rainha, todavia quando alguém oferece “qualquer coisa” em troca de algo o mínimo – e o mais prudente – a se fazer é ouvi-los.

– Ouvi muitas histórias sobre ti. Sobre suas viagens de mundos em mundos e sobre como ajudara os Krogans com a guerra.Mas é claro que ouviu., pensou a Rainha. Porém não ouvira tudo, minha querida. – Meu filho é odiado por meu marido, Baldr, e apenas mantido despertado por conta de um trato que fizera com meu esposo, o qual aceitara apenas para desfrutar ainda mais das habilidades de clarividência de meu garoto.

A atenção de Morinth fora fisgada naquele ponto. Não pela história triste de ódio paterno e pelo desespero da mãe do rapaz, e sim pelo fato do rapaz possuir clarividência. Alguém que vê o futuro é um grande aliado. Antes mesmo da mulher terminar o seu pedido, Morinth já sabia o seu preço.
As memórias se esvaíram mais uma vez, dando lugar à fala do professor.

– Por que dizer que uma barrinha de chocolate causa grande impacto nas pessoas? – Perguntou ele caminhando pela sala antes de parar e fazer mais uma pergunta. – E o que fazer quando uma mentira é descoberta?

–  Para a primeira pergunta a resposta é mais simples, afinal ela é fundamentada pela vaidade e ambição das pessoas. De um lado estão os consumidores ou os ouvintes da mentira, eles – assim como a maior parte da população terrestre – possuem medo da morte e da doença o que basicamente quer dizer que eles acreditam em tudo que digam que os fará melhorar ou sentir-se melhor. E é ai que os comerciantes entram. Sabendo do desejo por uma vida maior dos humanos, eles atribuem à pequenas verdades grandes mentiras elaboradas que afetam e fazem as pessoas temerem por seu estado (seja ele físico ou mental). É uma espécie de indução silenciosa. – A morena respondeu cruzando as pernas e apoiando o rosto em uma das mãos. –  Quando uma mentira é descoberta duas coisas podem ajudar-lhe nisso: criar uma mentira maior ou ter mentiras menores a circundando. Apesar de que quando descobre-se uma mentira há certo clima de desconfiança entre os envolvidos, caso você aja com firmeza, seriedade e confiança na criação da mentira que encobrirá a descoberta pode ter certeza de que não haverá falhas na reafirmação dela. Tal como as mentiras pequenas de base, as quais podem ser criadas antes ou depois para sustentarem a mentira de maior conhecimento.

Sebastian caminhou pela sala coçando o queixo, por fim parou e retomou as perguntas.

– Como disfarçar as mentiras?

– Como dito antes, mentiras são disfarçadas por outras mentiras, sejam estas grandes ou pequenas. Ou mesmo por uma verdade inconveniente, a qual acaba tornando a mentira uma opção mais agradável de se ouvir.

Novamente ela voltava para as memórias. O diálogo da mulher havia finalmente chegado ao fim, quando a mesma fizera seu pedido. Diante de uma suplica quase contida, a asgardiana pedira à Morinth que levasse seu filho à Midgard (ou Terra) e que lá encontrasse uma família que pudesse o ajudar. Não era pedir muito, de fato. Morinth concordou com o pedido, porém antes de deixar que a asgardiana ficasse muito feliz a morena deu seu preço o qual causou impacto na forte loira do outro lado, mas apenas por alguns segundos.

– Eu concordo com o seu pedido. – Disse a asgardiana logo em seguida trazendo o seu filho inconsciente até perto do espelho. Morinth atravessou apenas a sua mão pela superfície espelhada. Suas garras transformando-se automaticamente numa mão comum asgardiana. A loira respirou fundo e com uma adaga cortou a mão de seu filho, da odraziana e a sua própria. – Com este pacto de sangue fica estabelecido que meu filho mais velho, Balder, ao chegar numa fase de sua vida que seus poderes estejam controlados o bastante irá servi-lhe e ser leal somente à você, Morinth, Rainha de Odraz. – Uma luz azulada cobriu a mão da Rainha e do filho da asgardiana que mau sabia a desgraçada que estava fazendo, afinal ela achava que a odraziana era apenas uma andarilha de mundos, e não uma dominadora e destruidora dos mesmos como era sua real natureza.

A mulher deu um beijo em seu filho e tocou de leve um colar que o mesmo usava. Morinth observou a cena e quando por fim a loira assentiu para que a Rainha o levasse a sua mão já o puxava para dentro do Labirinto. A mulher deu uma última olhada no filho antes da imagem tremeluzir e desfazer-se; não pela magia da loira, e sim pelo poder da Rainha.

Com seus olhos negros ela fitou o rapaz que inconsciente flutuava naquele espaço. Suas garras percorreram os traços de seu rosto enquanto um sorriso extremamente largo contornava os lábios avermelhados dela. Aquele era um ótimo prêmio para algo tão simples.

– Dentre os princípios citados, qual refere que uma mentira pode se tornar mais simpática que a verdade, pela própria vontade de quem esta ouvindo a mentira? E, também, por que pequenas mentiras afastam a verdade de uma mentira maior ainda? – Perguntou o professor de repente submergindo Morinth de suas lembranças.

– O quinto princípio citado pelo senhor. O que diz que uma verdade é pior que uma mentira. E, mentiras pequenas afastam a verdade da mentira maior, tornando-a mais verdadeira e diminui o risco de saberem a verdade. – Respondeu a mulher trocando o peso de sua cabeça para a outra mão e voltando seu olhar para a janela enquanto os outros presentes respondiam ou conversavam com o professor sobre algo.

A luz do lado de fora da janela mais uma vez retomou o fio dos acontecimentos passados. Eles saltos entre devaneios e realidade estavam cada vez mais presentes, talvez porque ela distraía-se fácil naquele mundo, ou talvez porque aqueles corpos tinham problemas com relembrar o passado.

O casal que estava ali olhava para Morinth com uma expressão preocupada depois de tudo o que ela havia dito. Suas palavras foram firmes e, por incrível que pareça, foram verdade. Ela contara a origem do rapaz e sua história, até mesmo sobre o pacto ela falar, contudo, não contara que o pacto fora feito com ela.

– Pobre rapaz, fadado à um destino tão ruim... – Disse a mutante acariciando os cabelos de seu futuro filho adotivo.

Morinth apenas sorriu e no segundo seguinte já não estava mais lá para ouvir perguntas ou qualquer coisa. Ela não tinha responsabilidades com aquela criança nem nada do tipo; não deveria a ajudar, afinal não prometera isso à mãe dele.

Suas lembranças terminaram por fim, e sua atenção à aula retornara novamente. De fato, apesar dos humanos serem tolos cegos por seus desejos incontroláveis, aquele professor tinha uma noção bem grande das coisas.

– Por que se diz que, hoje em dia, que as pessoas não tem memória? Por que é bom mentir com convicção?

– Aqui na Terra, existe essa fixação e comodismo embasado na internet, na qual a busca por informações e as respostas à indagações podem ser facilmente verificadas e confirmadas. Logo, quando todas as respostas já estão à sua mão a necessidade de usar sua memória para determinados assunto é dispensável. – Morinth respondeu voltando aqueles olhos azulados de seu corpo humano na direção do mentor. – E a convicção é essencial, porque quanto maior a sensação de naturalidade no que você pronuncia e informa, maiores são as chances dela ser acreditada e não contestada.

– E, por fim, porque algumas pessoas preferem acreditar em uma mentira, mesmo sabendo inconscientemente que não são verdades?

A última pergunta do professor fez a surgir na mente da Rainha a expressão de susto da asgardiana que pedira sua ajuda ao vê-la. A loira desconfiou, sem dúvida do que e de quem Morinth era. Desconfiou da veracidade do que escutada sobre a Rainha, sobre ela ser apenas uma andarilha de mundos. Apenas por ver o rosto da Rainha ela soube que não se tratava de um ser de índole boa, ainda assim ela deixou estes pensamentos refugiarem-se numa caixa isolada e trancafiada de seu subconsciente para negociar a salvação de seu filho.

– Porque às vezes a mentira é mais confortável que a verdade. Os humanos tendem a querer ser verdadeiros, não apenas os humanos como várias outras raças, mas no entanto quando a verdade lhes é dita eles a ignoram já que ela pode machucar e causar efeitos que a mentira não causaria ou causa. Engraçado, não? – Morinth riu secamente deixando um sorriso de escárnio descansar nos lábios grossos daquela sua forma. – Afinal, é melhor uma mentira que conforta do que uma verdade que machuca.

Ela perguntou-se como o rapaz estaria. Esperava que pelo menos estivesse vivo, pois morto de nada lhe servia. Levantou-se, então e rumou para seu quarto naquela mansão enquanto pensava sobre diversas coisas ao mesmo tempo; enquanto pensava sobre o futuro. Um risada divertida escapou-lhe dos lábios enquanto seu olhar voltava-se para o horizonte que mostrava-se na janela.


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