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Aula 2º - Lilith Evans

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Mensagem por Lilith Evans Qua Jun 04, 2014 11:54 pm

E eu consegui. Havia me saído muito bem em minha primeira aula de lábia dos Nefastos do Instituto Sebastian Shaw. Mas infelizmente ainda não havia comprado cadernos para minhas aulas de lábia. E se eu continuasse á escrever nas carteiras da sala, até o final do curso não restaria mais nenhuma. Eu teria que improvisar o lugar das anotações. Repassei em meu quarto as treze regras citadas na aula anterior sobre como mentir. Ainda não havia posto nada em prática, mas eu apostava que com a teoria bem afiada, poderia me sair bem futuramente na prática. Quando eu me formasse e virasse uma verdadeira vilã, utilizaria muito dos artifícios da aula, afinal, sempre adorei enganar os outros. E o professor Sebastian Shaw era um excelente lecionador. Fazia-me lembrar de meu mestre, conhecido por vários nomes, mas não me assustaria se um deles fosse Sebastian Shaw. Aquele homem tinha tendência para a vilania e parecia ser um mestre na arte da maldade.

Então, sem cadernos, material de escrita ou qualquer material escolar, dirigi-me para minha segunda aula de Lábia para os Nefastos. Ao entrar na sala, trajada de um vestido negro que ia até o chão, desfilei á frente do professor e dei um leve sorriso malicioso para o homem, dando-lhe então as costas e sentando-me em uma carteira ao lado das minhas anteriores que estavam sem apoio graças á minha falta de material. Cruzei as pernas e as balancei freneticamente, esperando o mestre iniciar a aula. Refleti e refleti até perceber que seria inevitável. Eu teria que escrever novamente na carteira. Transformei então meu dedo novamente em um dedo demoníaco, fazendo-o ficar negro, mais comprido e com uma garra no lugar da unha. Assim, prestei atenção no professor, esperando seu discurso.

Então Shaw começou sua aula dizendo que mentir era humano. Para ser sincera, a mentira para mim abrangia bem mais do que seres humanos. Eu já havia sido humana, mas agora eu era um demônio com a alma amaldiçoada e ainda sim eu minto, e muito. Aposto que os mutantes também mentem. Os animais se falassem, com certeza mentiriam. Exceto anjos e Deus, sabe. Porque eles são especiais. Eles são bonzinhos. Eles não mentem. Nojo. Mas enfim, mentira, mesmo nem sempre sendo usada para o mal, é uma ação mal vista pela sociedade, ou seja, é errado. E todos temos um pouco de maldade dentro de nós. Ouso dizer que fiquei tentada em mentir para o Papa. Imagine enganar Vossa Santidade? Se ele realmente é o representante supremo de Deus na Terra, deve ser uma tarefa difícil. Fiquei também imaginando que assim como Sebastian havia dito, mentiras podem salvar sua vida... Ou no caso só me salvar, não tenho mais vida. Colocar as pessoas contra as outras, enganar á todos, causar o caos. Tudo isso era uma imagem deliciosa e prazerosa em minha mente que me fazia ter mais vontade de aprender naquelas aulas. Enganar, convencer, confundir. Isso também é possível com a mentira e ser “amigo” das pessoas certas, ou ter bons aliados pode te proporcionar defesa, ajuda e estrutura. Se conseguir manipulá-los, serão como servos. Aí que divertido.

Sebastian Shaw então me chamou atenção para uma frase impactante. “O mais hábil dos vilões apenas mostra sua verdadeira face quando não há mais nada que se possa fazer contra ele”. Eu geralmente me expunha de qualquer forma. Se a pessoa notasse que eu era diferente, eu lhe contava. Se não soubesse, eu também dizia, afinal, eu prezo pelo que eu sou e não tenho medo de esconder. Se eu tivesse, não estaria representando o Inferno direito. Mas ainda sim, aquela frase era lógica. É necessário ter máscaras, pois assim, o inimigo não conseguirá lhe afetar diretamente ou de maneira fatal. Ele será enganado e quando você revelar tudo á ele, não haverá nada que ele possa fazer. Pelo visto, quando eu me formasse, eu teria que ir mais devagar com meus planos caóticos, pois se eu chamasse muita atenção, seria detida e assim, como eu continuaria com meu plano? Aquela frase de Shaw me fez refletir quase pela aula toda sobre o papel que eu teria que moldar. Não estava no Inferno. Nem no século XVIII. Câmeras presentes por toda a parte. Tecnologia. Super heróis em fantasias carnavalescas. Isso não existia na minha época.

Manter os alvos próximos. Havia uma frase sobre isso, não? “Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda”. Acho que se aplicava á aquela situação de que o mutante professor proferia. Ganhar a confiança de alguém era algo difícil que em alguns casos pode demorar anos, mas eu adorava conquistar a confiança dos outros. É quando as pessoas se sentem mais á vontade comigo que eu gosto de apunhala-las pelas costas. Aquela carinha de “não acredito. Como pode me trair? Você é uma criatura horrível” me motivavam. As lagrimas da traição eram doces e ao mesmo tempo metálicas assim como o sangue das próprias pessoas traídas. Eu sempre tive uma pré-disposição para a traição, afinal, é um ato cruel, sem misericórdia e um tipo de pecado. Às vezes a traição vem do ódio, quando você despreza a existência de alguém, mas também, vem da luxúria, a ideia de ser poderoso, acima da pessoa e sobrepujá-la às vezes sem meios dela se defender. Ficar de olhos nas pessoas era algo que me deixava cansada. Preferia cuidar da minha alma corrompida à das outras pessoas.

O professor então passou mais regras, as quais ele chamou de “princípios básicos” para que a lábia parecesse convincente. Afinal, mentir sendo um péssimo mentiroso ajudaria quem a sair de uma enrascada? O princípio um me fez lembrar a história que contavam em meu vilarejo antes de queimarem minha casa, matarem minha família e me esquartejarem. Um estilo de contos de fadas que falava sobre um garoto que ficou cuidando das ovelhas e que consumido pelo tédio, gritou “lobo” para alertar os aldeões de um falto lobo que vinha apanhar as ovelhas. Mais uma vez ele repetiu tal mentira. Mas na terceira vez, um lobo de verdade surgiu. O menino gritou por ajuda, mas ninguém foi ao socorro do garoto, que terminou devorado pelo canídeo. A moral da história era justamente o princípio um: não mentir em excesso. Mentir por qualquer coisa, além de ser chato e fazer com que a pessoa use todos os artifícios de lorota que ela pode inventar, acaba fazendo com que os outros não acreditem mais em você. E o que é pior do que um mentiroso comumente conhecido? Anotei na carteira, sublinhando a frase: “sabendo usar não vai faltar”. Parecia um lema falho de campanha de redução do uso de água, mas possuía lógica.

O segundo princípio era algo um tanto quanto óbvio, mas era a pura verdade. Mentira. Verdade. Vocês entenderam. Para a mentira ser convincente, ela deve parecer verdadeira e acima de tudo, você deve acreditar nela. Afinal, você vai contar uma lorota que nem você mesmo acreditaria? E o fato de você acreditar em sua mentira, faz com que ela seja mais convincente. Sublinhei a palavra “verossímeis”, pois era uma palavra bonita e provavelmente eu usaria mais tarde. Também sublinhei “não fantasie demais”. As pessoas geralmente não acreditam quando alguém diz que viu um unicórnio. Pelo menos a maioria não. Circulei a frase “seja criativo”. Só de ouvir as desculpas citadas por Shaw me fez revirar o olho. O cachorro comeu o dever de casa? Quem mandou ter um cachorro? Seu avo faleceu? Ah, a ausência dele está justificada, mas e a sua? Afinal, ele morreu, não você.

O segundo princípio era um dos mais difíceis. Tratava-se de algo pessoal e corporal. Controlar completamente o corpo era algo difícil, até mesmo para mim que já estou morta. Eu não era o tipo de pessoa que teme pela vida ou por qualquer coisa. Eu sei de onde vim e para onde eu vou caso eu seja destruída. E morte? Já passei por isso de uma maneira nada agradável. A experiência não é boa, mas já sei o que me aguarda. Não tendo a gaguejar, nem ter quaisquer outros tiques que às vezes algumas pessoas normais têm, mas Sebastian provavelmente exagerou quando comentou sobre as glândulas sudoríparas. Diga-me quem controla seu próprio suor e eu terei inveja dessa pessoa. Tudo bem que posso me forçar á não suar como uma catarata, mas isso é algo que deve ser muito treinado pela maioria das pessoas.

Treine, treine e treine. Essas palavras me deram preguiça só de imaginar. Eu sou folgada e preguiçosa por natureza, afinal, preguiça é um pecado. Mas concordava totalmente com aquele princípio. Eu já havia treinado um pouco desde a primeira aula e me sentia mais confiante para mentir para as pessoas. Se alguém treinar suas mentiras de maneira certa, estará mais bem preparado para quando precisar contar a lorota. Isso o deixará mais controlado e não desencadearão os eventos que são fatais em uma mentira, os citados no princípio três. Seguindo a raciocínio do professor, vi que ele tinha razão no que falava. Estar preparado para as mentiras, já tendo conhecimento delas, você pode se prevenir de argumentos, retrucando-os de maneira que faça a pessoa acreditar em você e que você esteja preparado. Também faz com que, caso alguém minta, você consiga reconhecer mais facilmente. Ou seja, será melhor em mentir para as pessoas e ainda por cima, saberá quando alguém está mentindo para você.

O quinto princípio era o mais difícil de acordo com o mestre, pois unia todos os outros princípios em um. Sem eles, o quinto princípio não funcionaria. Anotei o quinto princípio como um mapa mental na madeira da carteira, utilizando meu dedo demoníaco. Escrevi “Quinto Princípio” e escrevi uma seta até o primeiro princípio. Depois do primeiro para o segundo. Sucessivamente, do segundo ao terceiro. Terceiro ao quarto. E por fim, o quarto de volta ao quinto. Todos os princípios se interligavam ao quinto. Manter a história pode ser algo complicado, principalmente se você mentir muito ou se suas lorotas forem muito complexas. Pode haver falhas pelo fato de você poder se enrolar em sua própria mentira, por ter muitos detalhes. Por isso, de acordo com a aula, mentiras simples, porem inteligentes, eram a melhor opção de qualquer aspirante á mestre da lábia. Sublinhei a parte que Shaw comentou sobre caso uma mentira sua for descoberta, todas as outras correm perigo.

Os dois últimos princípios se interligavam intimamente e eram brilhantes, na opinião dessa amaldiçoada. O conceito da caixa de bombom era um tanto filosófica, mas era lógica. A história da maçã podre da árvore ou o cacho de uva estragado que pode acabar com os outros. A ovelha negra. De acordo com Shaw, misturar uma impureza com outros comuns. É como colocar um chinês ao meio de vários japoneses. É tudo igual, mas um é o bombom premiado. Um prêmio mortal. Nada contra os chineses. Tudo contra o mundo. A ideia de Sebastian não se aplicava á desenhos animados, pois a Branca de Neve foi burra á ponto de morder uma maçã solitária dada á uma velhinha que ela mal conhecia. Pois bem, Eva provou do fruto, da única árvore proibida, porque o meu mestre a tentou. Existem pessoas imbecis, mas por via das dúvidas, colocar o bombom envenenado junto com os outros fará com que o plano tenha maior chance de êxito. Fabricar os bombons limpos era uma tarefa que necessitava de imaginação, mas que não era tão complicado. Até o maior mentiroso possui verdades, afinal, se só contasse mentiras não seria um bom mentiroso de acordo com o princípio um. E a utilização de tal método de lorota, lhe dava acesso á tais frases que o professor comentara após dizer sobre o sétimo princípio. “Porque eu mentiria agora se já admiti que errei outras vezes?“. Hilário, mas brilhante. Como já comentei. É um meio de chegar á traição, o que eu amo fazer.

Assim como os sete pecados capitais, os princípios não passavam do sétimo. Eram métodos inteligentes e criativos de mentir e com certeza me ajudariam. O professor começou suas notas finais, mas então percebi que já havia utilizado toda a carteira, escrevendo na madeira, entalhando as palavras com a minha garra indicadora da mão esquerda. Não ia utilizar mais carteiras. Sebastian era um líder de vilões. Com certeza gostava de astúcia, maldade e coragem, mas continuar destruindo as carteiras com certeza o deixaria frustrado comigo e eu seria castigada ou perderia nota. E por mais que eu adorasse as aulas e a escola, o que eu mais queria era me formar para ser uma vilã livre de aulas. Preguiça, esqueceram? Sem saber o que fazer, coloquei minha perna direita sobre a esquerda, deixando meu pé direito sobre meu joelho esquerdo, formando um “quatro com as pernas, deixando á mostra o calcanhar, coxa e a panturrilha. Escrevi as observações em minha perna, com letras pequenas, usando minha garra que cortava superficialmente minha pele, fazendo-a sangrar pouco, mas de maneira que eu conseguisse ler. A dor era suportável, mas eu não estava nem aí. Fetiche, posso afirmar. Agora, era o meu momento da aula favorito: o teste. Espero que tenham notado o sarcasmo.


Spoiler:

Após as respostas, me senti cansada, mesmo ainda sendo de manhã. Eu não fui feita para ficar em uma sala de aula. Mas logo eu me formaria e não precisaria me preocupar com aquilo. Mas os momentos que eu passava na Academia S me ensinaram muitas coisas. E Sebastian Shaw era um dos poucos seres vivos que tinham o meu respeito. Ele era astuto e inteligente. Mas a característica que eu mais gostava nele era sua maldade quilométrica. Após terminar de responder os testes e de escrever tudo o que eu tinha que escrever em minha perna, levantei-me de minha carteira. Arranquei a tábua de apoio na qual eu havia escrito antes de passar para a minha perna e coloquei em baixo de meu braço. Desfilei pela sala, passando na frente do professor e piscando para o mesmo. Dirigi-me até a porta e saí da sala de aula, me preparando para treinos de mentira na frente do espelho e para as futuras aulas de lábia.

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16/05/2014

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