[TP Fechada] Wicked

 

Mais uma manhã dava as caras na agitada Nova Iorque. Luke estava em sua mansão, pensando no que poderia fazer de diferente naquele dia. Enquanto tomava um bom banho, aproveitou para pensar em umas coisas. Muitas coisas, diga-se de passagem. Estranhamente dentre as coisas que vieram em sua lembrança, subitamente lembrou de Sebastian, um amigo que deveria fazer um ano ou quase que não via e nem sabia do paredeiro ou se ainda estava apenas fazendo o de sempre. Tinha também seus segredos logicamente e muito do que aconteceu no passado recente de Luke também não havia sido contado ainda. Apesar de que o jovem Thompson nem sabia se de fato conseguiria rever a figura ímpar que é seu amigo em questão.

Saiu do banho em vinte minutos e seguiu pro quarto procurar o que vestir. Pegou a primeira camiseta que viu na frente, sem nem reparar qual era. A vestiu e seguiu pra calça jeans, seguida do tênis marrom, um pouco diferente, mas era habitual do jovem misturar as cores assim mesmo. Deu uma sutil ajeitada e seguiu tomar café e trocar umas palavras com seu pai. Era bem possível que o mesmo ainda soubesse o endereço da mansão da família de Sebastian. Para sua alegria, ao fim do café, seu pai lhe passou o endereço sem nada questionar. Luke despediu-se e seguiu pro local, esperando de algum jeito, ver Sebastian, independente de como o mesmo viesse a estar. Mil coisas passavam pela cabeça do mesmo naquele momento, mas o foco agora era chegar aonde queria.

Ao chegar no portão da mansão, como esperado deparou-se com dois seguranças, algo esperado para proteger aquele enorme lugar. Falou com os seguranças, explicou quem era e assim que terminou, teve a passagem liberada. Parou devidamente o carro e seguiu pra entrada, obviamente tão suntuosa quanto o resto. Chegou na porta, tocou a campainha e ficou no aguardo, enquanto as mesmas mil coisas que passavam por sua cabeça voltavam a tona. Mal conseguia imaginar como estaria quem ele esperava encontrar, se é que iria encontrar, logicamente. O jeito agora era esperar pra ver.

Maybe I got mine, but you'll all get yours

But I got smarter, I got harder in the nick of time (nick of time). Honey, I rose up from the dead, I do it all the time (I do it all the time). I've got a list of names and yours is in red, underlined.

Faziam duas semanas que voltara pra casa, mas ainda não havia acostumado com a rotina fora da clínica. Todo aquele lugar parecia que infectava quem o frequentasse seja pelas luzes avisando quando apagava e quando acendiam, a hora do remédio, revistas nos quartos. Sem ofensas, mas era uma prisão com remédios controlados, sem esquecer dos poderes e sessões de terapia. Felizmente isso só me incomodava acordado, e mesmo dormindo pouco não havia nenhum pesadelo daquele período fúnebre da minha história. Recém-chegado de lá, eu acordava com um despertador ridículo que minha mãe desencavou do sótão, como que tentando me lembrar de tempos felizes.

Era como um daqueles filmes com close no protagonista, levantava como um robô para o banheiro e fazia a limpeza matinal. Trocava de roupa e descia para a cozinha tomar café e então os remédios, contudo enquanto descia as escadas, minha ilusão de filme chato saiu de sintonia com a campainha tocando. Encarei o hall e continuei descendo até a porta, a abri e encarei Luke. Me lembrando do meu rosto no espelho com as olheiras como se eu tivesse levado socos, a surpresa de o ver fez com que minha mãe brotasse igual mosquito no lixo.

Batendo no meu ombro toda nervosa e cumprimentando o garoto, já o puxando pra dentro e falando de como era bom eu receber uma visita de um amigo de verdade. Parei de andar e deixei o outro passar por mim lembrando daqueles olhares e da sensação daquele momento antes de desmaiar. Meu olhar desceu revivendo lentamente aquele momento e tudo envolta pareceu ficar embaçado, mas senti a mão no meu braço da minha mãe chamando. Eu pigarrei olhando envolta tentando não olhar para os olhos de Luke: - Eu não.... - Estreitei as sobrancelhas recobrando os momentos e tentando organizar os pensamentos melhor. Balancei a cabeça: - Desculpa, ainda não me acostumei com os novos remédios.

Um tapa no ombro e então senti uma eletricidade na mão sob a mesa, puxei para baixo e voltei a olhar pra ela: - O que foi? Vai adiantar esconder isso dele agora? - Recebi uma cara feia e voltei para o garoto, foquei em seus olhos pela primeira vez: - Luke, eu estive numa clínica porque eu tive um pequeno surto na escola. - Algo pareceu que caiu atrás do balcão na copa e então minha mãe me corrigiu: - Ele machucou vários alunos na escola porque uns idiotas fizeram uma brincadeira com ele e quase matou algumas pessoas durante o surto dele. E depois daquilo descobrimos que ele tem transtorno bipolar. - Entortei a boca ouvindo e suspirei quando enfim ela acabou: - Mais alguma informação para assustar os outros mãe? Como eu usei os poderes por exemplo?

Algum outro barulho na copa e então meu pai apareceu perguntando o que houve. Eu sorri negando com a cabeça porque ela não ia fazer cena na frente dele. Fiquei sorrindo olhando Luke enquanto minha mãe se controlava falando com meu pai. Não dava para ouvir a conversa deles então deixei a atenção apenas com a visita. Dei de ombros com um meio sorriso e indiquei pra ele com o queixo: - Já sabe de mim, e como você tá? Seus pais te colocaram pra trabalhar?

notes: provocando idiotas ; with: Ruivo cara pálida; vestindo: Isso

 

Se a vida já não era lá normal pro jovem Luke, imagina naquela situação perante a possibilidade ou não de rever seu amigo. Talvez isto pouco importasse agora. Afinal a cabeça do jovem estava com mil coisas ao mesmo tempo. Uma confusão total e isso não era lá muito habitual. Mas era isto que ocorria naquele momento. Não ficaria frustrado caso saísse dali sem ver quem esperava. Afinal, vida que seguiria, mesmo sem um reencontro. Tinha tanto a contar, mas isto pouco importava agora.

Com aquele tempo longo sem notícias e nem chance de saber novidades de seu amigo, não esperava lá uma grande surpresa caso visse seu amigo em algum momento. Enquanto esperava, ouviu alguma movimentação dentro da mansão. Talvez fosse alguém andando ou apenas sons normais de passos, como de costume. Mas instantes depois, para certa surpresa de Luke, quem abriu a porta era nada mais nada menos que Sebastian. Não sabia muito como reagir, algo raro para o jovem Phillips.

Antes que conseguisse ao menos entender a situação, a mãe de seu amigo aparece e sem hesitar, puxou o jovem para dentro. Mas algo não fazia sentido para Luke. Sebastian estava estranho, talvez fosse o sono ou algo diferente que o loiro não soubesse ainda. Ficou ainda menos normal quando o mesmo falou em remédios, aí sim a coisa ficou ainda mais confusa.

Mas claro que ainda mais confuso foi a discussão, parecia que Sebastian não tinha lá muito controle com a interferência da mãe a cada segundo. Mas o olhar de Luke arregalou quando seu amigo disse o que aconteceu de fato e aquilo surpreendeu o jovem. Um surto na escola? isso era novidade saber. Isso talvez esclarecesse algumas coisas. Ainda mais a parte referente a internação na clínica. Isso explicava o sumiço prolongado daquele a sua frente. Mais discussões rolavam e enquanto isso, Luke sentou-se para descansar um pouco e tentar ao menos entender um pouco tudo que a pouco aconteceu. Logo seu amigo lhe dirige uma pergunta e o mesmo logo responde:

- Estou bem Sebastian, um pouco confuso com tudo que aconteceu a pouco, mas isso pouco importa. Ah sim, de vez em quando ajudo meu pai na empresa, mas é só quando necessário. Estou na verdade terminando a faculdade e não tem nada a ver com o que meu pai faz. Na verdade, estou quase me formando em Mecatrônica, logo menos eu me formo, se tudo der certo. Afinal, quero seguir o que realmente gosto, não o que meu pai ou minha mãe queiram que eu faça. Meu negócio é carros e tecnologia, não negócios. Mas não entendi uma coisa. Foi apenas um desvio de comportamento ou você fez algo mais sério? Até porque não faz sentido internar alguém apenas por uma briga na escola.

Apenas sorriu de leve e tentou organizar seus pensamentos e respirar um pouco mais fundo para recuperar o fôlego. Apenas esperava o que viria a acontecer em seguida. Enquanto isso, os pais de Sebastian deixavam a sala, ficando ali apenas os dois amigos a conversar.

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As palavras dele foram me relembrando de momentos do passado quando eu mal conseguia utilizar meus poderes por medo. Todo aquele mundo perfeito parecia destruído pra mim porque não queria mais aquela vida regrada nos mínimos detalhes. Me sentia preso e o surto me mostrou o quanto eu tenho dentro de mim para soltar, mas voltar a essa casa e minha mãe lembrando de coisas foi como se eu me tornasse um monstro. Levantei a cabeça percebendo os dois saindo dali e recebi um olhar de cada, minha mãe com aquele bico de raiva e meu pai confirmando com a cabeça que eu ficaria sozinho. Sorri sem graça porque ele ainda era o mesmo, apesar de tudo que fiz, ele era quase como uma âncora de boa sorte.

Voltei a olhar para a mesa e bebi um pouco de suco de laranja antes de conseguir focar na resposta. Luke não me parecia com aqueles falsos, ele não tinha motivos para me machucar, ou fazer alguma coisa ruim pra mim. Suspirei colocando o copo na mesa e passando a mão esquerda no outro braço sem graça: - Eu tinha uns amigos na escola, deve ter visto eles no meu aniversário retrasado eu acho. Uma garota de cabelo cacheado e alta com dois garotos gêmeos. Eles eram meus amigos, mas me prenderam no vestiário com capuz na cabeça antes da peça e no fim do jogo de futebol.

Desviei o olhar pra baixo e respirei fundo um pouco: - Não quero ser preconceituoso, mas imagina como são os atletas que tenham suas frustrações após um jogo, me espancaram preso e com o rosto tampado. Em algum momento ali, eu surtei com tudo como se tivesse quebrado algo, ou sei lá. - Neguei com a cabeça e ergui a mão direita deixando visível a eletricidade fluindo entre os dedos. Engoli em seco tentando encontrar palavras melhores e me aproveitei da psicóloga um pouco: - Na clínica me disseram que o transtorno bipolar pode surgir com um surto depois de um grande evento para mim como um término de namoro, então tinha uma desculpa mais que clara pra surtar.

Arqueei as sobrancelhas rapidamente e sorri sem graça terminando de explicar: - Eu congelei o vestiário todo com aqueles marmanjos enormes presos. Saí dali e encontrei as líderes de torcida me olhando torto apesar da escuridão da quadra vazia, ataquei elas com o vidro das janelas. Devo ter ferido mais alguém no caminho do auditório, lembro que lá dentro os seguranças tentaram me prender e os atirei fogo. Sem ninguém no caminho ia até os meus “amigos” até que me derrubaram, eu os vi com medo e acho que teria ido até o fim. - Respirei um pouco e cerrei o punho desfazendo a eletricidade.

Olhei em seus olhos: - Minha relação com minha mãe mudou por isso. Ela me visitava sempre e eu teria saído antes se não fosse meu arrependimento. Não tenho pena de nenhum deles. Ou me bateram, ou me olharam torto e eu sei que estou errado, mas não se culpa alguém que sofreu desse modo. - Sorri e desviei o olhar lembrando do acontecido: - Uma clínica mental para mutantes é bem pior que uma prisão, sabia disso? E eu não consegui mentir pra sair dali por meses. Eu não consigo me arrepender e esses remédios me controlam para eu não estar tão no limite para as coisas comuns.

Bebi mais um pouco do suco e o questionei: - E os seus poderes? - Dei de ombros: - Eu consigo usar mais uma esfera de energia, praticamente todo elemento agora, me sinto um avatar da vida real. - Sorri arregalando os olhos pelo comentário e completei: - Como os seus pais te ajudam? Até onde me lembro, eles não têm nada parecido e como os meus não tem nada, preciso de umas aulas com essas coisas. É muito pra saber usar que mesmo com filmes e desenhos, nada realmente um conhecimento decente das possibilidades.

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Tudo aquilo que acontecia era ainda um pouco confuso para Luke. O sumiço de Sebastian, aquele reencontro. Eram aindas pontos que não se ligavam na mente do jovem. Mas obviamente tudo aquilo certamente tinha uma explicação minimamente lógica. E era isto que esperava ouvir. Tentava apenas parecer calmo e compreensivo, coisa não muito habitual ao jovem Thompson, por assim dizer. Mas tinha que entender que a situação era diferente, tinha de ser mais flexível que o normal, pois ainda não tinha noção do que de fato seu amigo tinha. Quem sabe ficando a par do contexto, iria saber melhor lidar com a situação;

Demorou menos que imaginou para Sebastian contar o que fato desencadeou o fato estranho na escola. Não sem antes falar sobre alguns elementos envolvidos. Os que ele citou, Luke lembrou de ter visto sim em algum aniversário anterior de seu amigo. E seguindo com os detalhes, chegou ao evento propriamente dito. Luke ouvia com atenção cada detalhe e inclusive a eletricidade no dedo do seu amigo. Explicou mais algumas coisas, que foram sanando as dúvidas de Luke. E em alguns instantes, Sebastian contou sobre o devido fato que desencadeou a internação. Ao mesmo que chocava pelo cenário em si, surpreendia mais e mais o jovem loiro. O jovem Morgenstern falou algo mais sobre a clínica, que ainda sim surpreendeu Luke. O mesmo pareceu finalizar perguntando os poderes do jovem loiro. E falou algo sobre o seu, que parecia ser manipulação elemental. Complexo, porém de amplas possibilidades. E o jovem mutante ainda ouviu a pergunta sobre como os pais ajudavam e que Sebastian não lembrava dos mesmos terem poderes. Era hora enfim de explicar certas coisas.

- Bacana seu poder Sebastian, mesmo parecendo complexo, traz amplas possibilidades. Bem, quanto ao meus pais, demorei a saber, mas eles tem poderes sim. Meu pai emite rajadas de energia e minha mãe absorve energia. Mas o meu poder de fato é Manipulação de Plasma. Posso te mostrar rapidamente como é, mas não com o risco de quebrar algo na sua casa, claro.

Pegou rapidamente seu bracelete no bolso, colocou no pulso e seu traje prontamente apareceu. Para não correr risco de quebrar algo, virou a palma da mão para cima, criando uma esfera azulada de plasma, que logo sumiria. Esperava assim ao menos esclarecer as coisas, sem quebrar nada na casa de seu amigo. Agora com as coisas mais claras, conseguiu até mesmo sorrir um pouco, animado por enfim contar a verdade e mostrar seu poder, afinal imaginava que era isso mesmo que amigos faziam, compartilhar histórias, coisas boas e ruins e se divertir, claro.

Uniforme Orion:

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Olhar pra ele enquanto eu falava me lembrava de alguns pensamentos sem fundamento que tive na clínica sobre padrões de beleza e quem deveria ser líder de grupos. Eu estava meio dopado e passou Meninas Malvadas de tarde, fiquei com aquela temática na cabeça pelo início do efeito de um dos remédios de teste. Estava influenciável, mas lembro de pensar sobre o loiro de pele branca com olhos azuis conseguindo o sempre quer. Sei que Luke não me trairia como fizeram, mas pensar que ele faria isso me fazia mal só pela insegurança que isso trazia. Me sentia como em um reality show em que não se pode confiar totalmente, mas deve haver um nível de “abertura” para os espectadores se cativarem.

As palavras da psicóloga ecoavam em minha mente de forma escrita ao invés de falada, tinha algum livro que a magia da personagem escrevia coisas que ela pensava na parede do quarto. Era sobre eu ser o meu protagonista, tomar o centro da minha vida de volta e era isso que eu devia trabalhar. As palavras dele me fez pensar em como ele pode ter estudado seus poderes de uma forma mais forte e abrangente nesses últimos anos e percebendo o design do uniforme isso pareceu fazer sentido. Basicamente um collan como aqueles da ruiva dos Vingadores, bem colado e provavelmente de algum material resistente aos poderes.

Haviam círculos numa coloração diferente no peito e nas mãos como se houvesse uma concentração de energia para ser manipulada em um ataque. Essa ideia me fez imaginar como o poder dele era grande, ou perigoso no sentido de precisar de um foco para ser utilizado. Passando os olhos para a esfera dele de energia e sorri lembrando de quando me limitava a esses truques, mas me levantei com o copo de suco. Terminei de beber enquanto ia até o armário da pia e pegava dois copinhos laranjas. Comi um comprimido de um e o outro guardei no bolso que era caso eu me sentisse no limite, como um remédio de dor corporal para relaxar músculos e outras palavras difíceis.

Sabia do potencial da empresa dos pais dele e podia receber um não, mas ele vindo ali sem um convite podia ser uma ideia para me animar. Olhei pra cima e sorri porque mais alguém confiava em mim para me dar uma chance. Caminhei até a mesa de novo e olhei nos olhos: - Seus pais tem a empresa de tecnologia não tem? Seu uniforme pareceu bem feito para os seus poderes, será que poderiam fazer o mesmo comigo? - Olhei envolta e abri um pouco os braços: - Eu sei que é pedir muito, mas se eles tiverem um tipo de sala de treino para estudar poderes, eu quero saber meus limites e tudo o mais o que posso fazer.

Respirei fundo e cerrei os punhos na lateral do corpo: - Sei que não veio com essa intenção, mas depois do que aconteceu, eu me sinto uma bomba prestes a explodir. Ficaram quase um ano cuidando da minha cabeça e me encheram de remédios pra saber qual funcionaria melhor, mas agora eu quero um pouco de diversão. - Desviei o olhar lembrando do que falei pra ele e dei de ombros desfazendo os punhos: - Pelo menos sem estar querendo matar alguém dessa vez. Eles deixariam?

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Pensar que seu amigo era dotado de poderes, mas que não tinha paz e nem como contornar seu problema de bipolaridade até que assustava o jovem loiro mutante. Mas era seu amigo, o melhor se duvidar. Como grande amigo que era daquele que o recebia em sua casa, sentia-se no dever de dar um apoio, fazer com que Sebastian se tornasse forte, confiante e sem traumas, como os que relatou a Luke. Pensava em muitas coisas nesse meio tempo sem resposta. Eram tantas dúvidas e coisas ao mesmo tempo que o loiro até respirava fundo em alguns momentos, buscando manter-se calmo e sossegado. Reria de acostumar que cada passo, atitude e fala tinham de ser calculados milimetricamente, nada que pudesse irritar ou mexer com o psicológico do amigo poderia escapar do controle, mas o mutante plasmático iria se preparar muito pra isso, pois seria novidade para ele lidar com aquela situação em que ele mesmo teria de se moldar a condição do mais novo.

Mas mesmo em meio aos seus pensamentos, ouviu as palavras do jovem amigo. Surpreendeu-se com umas, já esperava outras e sorria sempre que possível, ao perceber que o amigo realmente queria evoluir ao menos os poderes e ter mais chance de ser útil, afinal nada do que ele passou foi fácil. Orion colocou-se por instantes no lugar do outro, mesmo que de forma imaginária. Pensou se aquele quadro de trauma e transtorno bipolar fossem problemas dele também. Não deixou-se levar muito tempo por este pensamento e voltou a atenção para Sebastian, depois de tirar o bracelete e voltar a estar com roupas normais, talvez um pouco exagerada, pois por estar de camiseta, o amigo veria como até mesmo o físico de Luke evoluiu e muito para se adaptar as mudanças ocorridas. Olhou para o mesmo, ainda sentado e depois de pensar um pouco, dirigiu a palavra ao mesmo, mas antes teve uma idéia brilhante e enfim começou a responder:

- Bem meu grande amigo Sebastian, primeiro fico feliz que tenha gostado do traje. Não é lá muito bonito ou resistente, mas tem me ajudado muito com os poderes, apesar de eu sempre que o uso me sentir mais como um lutador de boxe que um mutante plasmático, mas enfim isso é coisa minha, quem sabe mais pra frente não projete um novo, afinal tenho me empenhado em estudar Mecatrônica e com a ajuda do meu pai ensinando o básico de tecnologia, desenho e o que preciso pra começar a projetar tanto meus trajes, uniformes e quem sabe algo como uma armadura mais pra frente, posso pensar em usar o que estou aprendendo para quem sabe ir mais além do lado heróico e mutante e fazer com que a vida das pessoas seja mais prática e segura, talvez criando sistemas de segurança, alarmes contra roubo e incêndio e até mesmo ajudar quem sabe a polícia e os bombeiros também. Mas cada passo a seu tempo. Tenho uma idéia Sebastian! E se a gente fosse até a empresa do meu pai pra falarmos com ele sobre teu traje e teu treinamento? Posso pedir pra ele nos esperar e adiantar as coisas.

Riu por conta de umas coisas que disse e lembrou da outra fala de Sebastian, esta sim pertinente a treinar e tudo mais. Olhou pro lado oposto um momento e voltou a falar:

- Bem, quanto ao que pediu não é difícil meu amigo. Tanto posso providenciar um uniforme bacana, com boa proteção, resistência e que te ajude em batalha. E claro, que combine com teus poderes. Além do mais, sim pode usar as instalações que a empresa do meu pai tem para treinar e até mesmo testar o uniforme, porque não? E quem sabe também não focar somente no poder e no traje, talvez eu mesmo possa te ajudar a ser mais confiante, seguro de si e sabendo dosar sua raiva e assim conseguir controlar seu transtorno mental ainda por cima. Uma coisa é certa, pode contar comigo, afinal te considero demais e quero te ver bem, podendo ser feliz e seguro de si, mesmo tendo que lidar com o poder e tudo mais.

Sorriu simpaticamente, apoiando a mão sobre o ombro do rapaz, em seguida tirou e voltou a se ajeitar. Queria mesmo fazer tudo que tinha falado para seu bom amigo, pois confiava em sua capacidade de dar conta de tudo que tinha em mente e não descansaria até que visse tudo que planejou dar certo e principalmente, ver seu grande amigo melhor e da forma que Luke esperava que fosse melhor para ambos, pois odiava ver Sebastian escravo de seu transtorno bipolar e de tudo que passou. Queria ver no amigo um esboço do que ele mesmo era e poder assim contar com aquele ao seu lado sempre que precisasse, fosse em batalha ou com seus problemas mesmo. E até mesmo quem sabe, se divertir de vez em quando, mesmo que fosse uma simples festa, um passeio ou quem sabe um lanche algum fim de semana, coisas normais que amigos fazem.

Roupa do Luke: