East Broadway

Depois de se afastar do caos, Horace aproveitava um pouco do seu tempo para respirar e voltar a realidade. Invocar um elemental tão poderoso, mesmo que por apenas alguns segundos, foi a coisa mais impressionante que ele fez, isso o assustava de certa forma, seus poderes evoluíram de forma veloz.

Levantando-se novamente, ele olha para trás em tempo de ver uma bola flamejante ser arremessada do alto de um prédio, caindo em um caminhão de lixo, não é surpresa que imediatamente ele explodiu, arremessando veículos em varias direções.

Mas o que veio a seguir, abalou Horace, uma criatura saiu das chamas, de aparência humanoide, com vários braços flamejantes. Aquela sensação familiar, a melodia frenética presente por todo o corpo da criatura. Horace não precisava fechar seus olhos para ver aquele ou melhor, aqueles, espíritos.
Ele parecia debilitado, sua energia estava agitada e estranha. Horace fecha seus olhos e concentra sua menta no espírito, havia melodia diferentes, como vários espíritos forçados a ficar juntos, todos espíritos do fogo, calor, chamas, mas tinha algo diferente.

Era como ouvir uma orquestra e tentar distinguir o som de um único instrumento, que não se encaixava no restante. E lá estava, uma melodia sombria e mórbida, não era quente e viva como espíritos da chama, era de certa forma humano, mas tinha traços de morte e trevas por todo o espírito, sua melodia era como uma prisão, mantendo os espíritos do calor sobre sua vontade. Ao abrir os olhos, Horace estava com um sentimento que não se deixou sentir a anos. Ódio.

-Ninguém... Tem o direito...

Falou levantando seu violino para o queixo mais uma vez.

-De escravizar um espírito.

Sua próxima façanha era mais técnica, todas as coisas do mundo emitem energia, dessa energia nascem espíritos. Aprisionar a energia, aprisiona os espíritos que dela nascem.

Dentro daquela coisa, haviam muitos espíritos que serviam como alimento para as chamas, Horace estudou muito sobre magia de espíritos e uma das coisas que eles podem fazer é se fortalecer consumindo seu elemento de origem, seria necessário uma grande concentração e um feitiço complexo, mas Horace já não pensava nos riscos.

Sua melodia começou enquanto ele encarava a criatura, era uma melodia de desafio, o jovem podia sentir os espíritos dentro dele, sua melodia os impulsionava e dava força para eles se rebelarem, na mente do garoto vozes de muitos espíritos, era como uma grande tempestade de chamas. No meio do caos ele tinha que dar ordem para cada um dos espíritos, e para todos eles Horace respondeu, fortaleçam-se e libertem-se.

No início os espíritos parecia absorver as chamas aos poucos, ainda fracos, mas em grande número, eles fizeram como foi dito. A magia utilizada era complexa, ordenar os espíritos, converter energia, Horace estreitava os olhos enquanto se concentrava para manipular a energia com eficiência. A medida que ficavam mais fortes, consumiam as chamas da criatura com velocidade, destruindo-o de dentro para fora, os dedos de Horace não aguentariam muito tempo no ritmo frenético para controlar tantos elementais. A medida que ficavam fortes, mais imprevisíveis e impulsivos se tornavam.

Quando chegou a um ponto critico, a ordem foi dada, usando toda a energia consumida para escaparem de sua prisão, para alguém olhando de fora, parecia que a criatura soltou um tornado de chamas de seu peito. Isso deveria enfraquecer aquela coisa, a menos que tenha outra fonte de energia.

Horace logo se escondeu da linha de vista da criatura pois acabara de provocar sua raiva.

Ações:

Mesmo depois de libertar os espíritos, ainda havia muita energia magica no corpo dele, parecia emitir um calor crescente, um garoto que parecia cair do céu lançou a criatura para longe, até que foi um alívio, pois Horace estava exausto. Suas mãos trêmulas quase não seguravam o violino, tinha pouca energia antes de desmaiar, o jovem precisava de uma pausa.
Por um breve momento Horace achou que o pior havia passado, mas uma explosão de chamas abalou seus sentidos, que gritaram para correr por todo o seu corpo. Horace levantou e começou a tomar distância, ele não queria lutar naquelas condições, estava com medo e cansado de todo aquele caos.

Virou-se para o olhar o garoto que caiu do céu esperando que o seguisse, mas aconteceu algo impensável, ele pulou na direção de um mar de chamas, socando a criatura sem se preocupar com os danos em seu corpo. Horace grita para ele em total pânico.

-VOCÊ QUER MORRER?

Respirando fundo, ele pega seu violino novamente, entre assistir alguém morrer e tentar ajudar, Horace definitivamente tentaria ajudar. Começou com algumas notas rápidas, e fortes. Do solo e do ar, gotas de água apareceram se unindo e girando ao redor do garoto que com os olhos fechados controlava os espíritos. Em alta velocidade formaram uma onda de àgua para interceptar as ondas de fogo, as chamas vieram ao seu encontro. Muita água se tornou vapor, um pouco das chamas alcançou o garoto, mas ele resistiu a dor e levantou-se. Em sua mão direita as cordas do arco brilhavam em um azul claro enquanto a melodia chegava ao seu fim.

Horace apontou o arco de seu violino para a criatura e Kyo, que por estar tão perto das chamas sentia o calor mais intensamente, o vapor se acumulou na ponta do arco em uma esfera que brilhava levemente em um azul pálido.
Uma rajada que misturava a energia de espíritos do gelo, da água e do vento correu em direção aos dois para lutar contra as chamas, era muito próximo a uma nevasca que sufocava o calor enquanto passava.

Logo após sua ultima façanha, Horace caiu de joelhos encostando suas costas em um carro amassado que usou para se esconder anteriormente.

Ações: