Aula 3 da Pandora

~~~ Terceira Aula ~~~
Os olhos da menina-elfa estavam novamente grudados em Elizabeth naquela manhã. Ja era sua terceira aula e algo parecia mais certo ali. Ja havia em Pandora um pouco de conhecimento extra em relação a defesa mental e -mesmo que este não fosse muito extenso- ele a ajudaria no que estava por vir.
Dessa vez, sua professora de olhar calmo e sorriso largo, falava sobre algo diferente dos dias anteriores: não era mais uma questão apenas de concentração e sim da união deste fator com o conhecimento, a criatividade e talvez até mesmo um pouco mais de força de vontade. Já não bastava gritar para que ela saísse ou se focar em uma sala vazia... Não bastava usar truques e tentar se livrar... Elizabeth queira mais. Elizabeth queria Projeção Astral.

~~~ O que é projeção astral? ~~~
De início o termo pareceu complicado para os alunos -em especial para Pandora, que tentava associar a palavra com algo conhecido- mas após uma breve explicação da instrutora, tudo começou a parecer um pouco menos... Impossível de ser feito, digamos assim. Era como um sonho consciente onde podia-se controlar todas as ações e pensamentos. Uma dimensão alternativa para onde os telepatas levavam seus inimigos, era quase um 'mundo mental'. Basicamente, aprender a defender-se de um adversário que o leva ara esse lado psíquico significa, nada mais é nada menos, que projetar-se também, ganhando o "direito" de lutar contra o oponente de igual para igual -e quando digo lutar, quero realmente dizer lutar-  e defender-se mentalmente.
Para resumir -após explicada- a teoria não era difícil, o que talvez não fosse possível afirmar sobre a prática em si. Elizabeth citou vários pontos sobre a projeção, separou-as por 'tipos', diferenciou-as e disse tudo o que fosse possível se imaginar em relação a matéria... Em tese, os alunos sabiam o que precisavam para conseguir realizar o novo 'desafio' e termina-lo com louvor, mas após afastar as carteiras e se sentar no chão com os jovens, Elizabeth não pode negar: o nervosismo entre eles era quase unânime e tangível no ar. Infelizmente não havia outra maneira.
A mulher deu uma ultima explicação sobre a diferença entre sonho e projeção, mas esta não foi longa o suficiente para tardar o que a maioria temia: Ao final da fala, a já conhecida aura rósea tomou o rosto da morena e seus olhos se fecharam com tranquilidade. Estava na hora de começar a aula prática.

~~~ Projeção Astral: A prática após a teoria. ~~~
Pandora estava prestes a fazer o mesmo que sua instrutora fizera, mas -antes que tivesse a oportunidade de se concentrar suficientemente para isso- logo sentiu algo intenso a puxando para um tipo de 'realidade paralela'. A garota soube disso assim que teve o primeiro contato visual com a paisagem que, diferente da sala fechada, era extremamente verde e bem arborizada. A Wonder não chegou a notar, mas havia um porém em toda aquela beleza: ao contrário do que se esperava, o cenário não se estendia até onde a vista pudesse alcançar, mas se limitava em um espaço consideravelmente curto que talvez representasse a mente de Pandora.
De qualquer jeito, não era aquele o ponto importante do 'mundo mental', e isso a menina-elfa demorou a perceber... Talvez esse pequeno atraso tenha levado ao arquejo de surpresa que atravessada os lábios da jovem ao notar as duas figuras que lutavam a poucos metros de onde ela estava: Elizabeth e... Bem... Elizabeth. A professora e sua 'cópia' -vulgo projeção- travavam uma batalha acirrada, deixando claro que conheciam os movimentos uma da outra. Era estranho assisti-las, e era estranho estar ali... Era estranho partir para um tipo de mundo alternativo na própria mente e, em geral, a nova matéria era demasiadamente estranha.
Ainda assim, Pandora teve esperanças de que poderia somente observar e aprender olhando, mas a instrutora obviamente discordava. Após alguns minutos naquele desafio consigo mesma, Elizabeth se  aproximou da aluna, dando-lhe as últimas informações antes de se afastar, fazendo a própria projeção se por em posição de batalha.
_Nada muito complicado, apenas derrotar a mulher que me ensina... Simples! - Resmungou Pandora, fazendo um leve bico de desgosto.

~~~ Pandora x Elizabeth ~~~
A projeção da morena ainda estava há poucos metros de distância quando Pandora decidiu finalmente agir. Usando um misto de seus próprios poderes com a concentração para o meio astral, a Wonder fez seu próprio arco surgir, criando-o com um tipo de energia imaginaria brilhante, que o deixou extremamente parecido com uma arma sagrada. Sem pensar duas vezes a garota criou uma flecha em sua mão direita, simulando o que faria com energia negra, e a colocou na corda do arco, mantendo seus olhos em sua adversária. A mulher copia mal se movia, sorrindo abertamente com uma maldade inexplicável, parecendo sugerir que sua inimiga estava fazendo algo errado. Pandora não ligou. Segurando o arco com a mão esquerda e a flecha entre o polegar e o indicador da direita, ela puxou o projétil energizado até onde pode, soltando-o a seguir com os olhos fixos em sua trajetória.
Em um primeiro momento tudo pareceu perfeitamente dentro dos conformes, mas pouco antes do 'tiro' alcançar o seu alvo, a projeção ergueu uma das mãos, criando um tipo de escudo borracha que fez a flecha bater e voltar para seu ponto de partida. Assustada, a garota desviou com certa dificuldade, girando para a direita numa escapatória arriscada. Assim que voltou a olhar para frente, constatou o mesmo sorriso maldoso nos lábios da avaliadora, chegando a conclusão de que não bastava ataca-la diretamente. A mulher mais velha era mais habilidosa no meio astral do que a recém chegada elfa, o que lhe dava certa vantagem na batalha. Com as opções reduzidas, Pandora se viu obrigada a 'apelar' para o lado das estratégias, o que não era exatamente seu melhor requisito, mas teria de servir.
A menina tentou não pensar muito, sabendo que se o fizesse a oponente perceberia, mas se concentrou o suficiente para criar uma mina terrestre poucos metros a frente de 'Elizabeth 2'. Coisa de 1m e meio, na verdade. Não era muito, mas era o suficiente para pelo menos lhe causar alguns danos. Depois voltou a atirar uma de suas flechas energéticas contra a mulher, que defendeu com o mesmo escudo gelatinoso, fazendo o projétil voltar. Dessa vez Pandora desviou com um pouco mais de facilidade, já que esperava por aquilo. Atirou ainda uma flecha ou duas antes de finalmente colocar o plano em ação: após desviar de uma das suas 'balas perdidas', a menina criou uma flecha com a ponta um pouco maior, mais pesada. Ela cairia mais rápido e com mais força, mas a intenção não era romper a proteção da oponente. A menina fez uma expressão teatral de concentração enquanto produzia mais uma mina terrestre -pouco mais que meio metro na frente da outra-, apesar de seus olhos estarem fixos na barreira de Elizabeth. Quando tudo estava pronto fingiu deixar a flecha escapar, deixando que uma mascara de surpresa tomasse seu rosto e logo produzindo mais uma flecha. Sua inimiga astral riu alto, divertida ao ver que o ataque sequer chegaria... Não, ele cairia a exatamente 1m e meio à frente da mulher, que nem se preocupou em proteger daquela falha óbvia. Erro dela.
Ao atingir o chão, a flecha fincou na primeira mina terrestre, que explodiu em poucos segundos, ativando a segunda como consequência. Pandora sorriu satisfeita, deixando que o arco se desfizesse e olhando para a professora verdadeira que a assistia.
A mulher sorriu de volta, mas era um sorriso diferente. Não tirou sua aluna no plano astral e antes da poeira da explosão baixar, a menina soube o porque: cortando a nuvem marrom, um tipo de pedra rósea e meio transparente surgiu, atingindo o peito da menina que arqueou em um misto de surpresa e dor. O impulso fora forte o suficiente para derruba-la no chão, e ao olhar para frente ela achou a origem: a cópia de Liza sorria com escárnio, coberta por um escudo quase transparente que envolvia apenas o seu corpo.
A julgar pela roupa ligeiramente suja e os ralados em sua mão e rosto, ela havia caído no chão com o impacto, mas não havia se ferido gravemente. Pandora olhou para a instrutora verdadeira com uma surpresa tangível no olhar, mas ao invés de ampara-la a mulher simplesmente sorriu.
_ Não menospreze seus inimigos... - Murmurou simplesmente, mantendo o olhar fixo na própria projeção.
Pandora realmente pretendia responder, mas antes de tivesse oportunidade, sua inimiga desembainhou a katana, deixando que o próprio escudo sumisse enquanto corria na direção da menina. Surpresa, ela tentou materializar o seu arco novamente enquanto se arrastava para trás, mas ele pareceu repentinamente grande demais para ser produzido com a baixa concentração de Pandora, que incapaz de pensar em algo melhor criou apenas um escudo de pedras a sua frente. Elizabeth 2 começou a bater no escudo com sua arma e ele pareceu prestes a rachar. Ela fechou os olhos, tentando pensar em uma saída, mas antes que conseguisse já se viu novamente na sala de aula, sentada com os outros alunos. Mentalmente Elizabeth a liberou, murmurando um 'fim da atividade' em sua cabeça.
Um pouco decepcionada, a jovem se levantou, saindo da sala sem mais palavras.

Motivos para Pandora falhar :3: