Aula 2º - Rylah B. Borgia

M'lady Borgia...

Se tinha algo que Rylah não entendia era porque precisava frequentar uma escola. Ainda mais aulas como a qual frequentava, que concerne em ensinar pessoas a mentir. Para a garotinha, isso só a vida poderia lhe ensinar, e valia o ditado "A prática leva a perfeição". Alguém que nasce de mentiras, traição e falta de amor, não poderia pensar de outro jeito, à menos que fosse hipócrita. Ensinada desde o berço a mentir, dizer que estava tudo bem. Claro que chega um momento em que se cansa de dizer que tudo está bem, mas quando esse momento chega para Rylah ela faz exatamente o que está fazendo agora. Deita em sua cama, com sua boneca Kyuubi nos braços e chora, mandando em bora qualquer parte que lhe é boa, e volta a ser má. Volta a ser uma mentirosa que diz que está bem, sendo que por dentro só existe a escuridão.
Rylah respirou fundo e coçou os olhos, passando a mão gelada também pela cabeça para amenizar a dor que sempre estava ali pelas consequências do acidente. Entenda acidente como pequenos pesadelos, a cabeça da garota sempre doía quando sonhava com algo "errado". A garota deixou escapar um palavrão enquanto se levantava da cama, percebendo estar atrasada. Arrumou as roupas e parou em frente ao espelho, amaldiçoando os próprios genes por aquela situação, aliás, se fosse normal, poderia estar cursando a tão sonhada faculdade de medicina em Stanford. Pensou em colocar o moletom vermelho para a lembrar que poderia ser uma humana comum, mas optou por roupas leves, assim como seu estado de falso espírito naquele dia. Deu de ombros andou pela casa, acendendo à todas as luzes, para então sair e trancar a porta.
Cumprimentou ao professor com um pequeno sorriso assim que adentrou na sala e foi se sentar. Cada dia em um lugar, sem rotina, sem se tornar comum. Preferia ela, tornar-se perfeitamente diferente do que se apegar à reles arranjos normais, afinal de contas, o conceito de normal vai progredindo conforme o tempo. E o que era anormal há dias atrás, com algumas informações, pode tornar-se perfeitamente comum. Fora assim com ela, que desacreditava na existência de mutantes até se tornar uma e ter todo o seu conceito, que concernia em algo tradicional, mudado e revelado um novo tempo.
Rylah suspirou e mais uma vez fez seu cabeçalho. Não tinha ela prestado toda atenção nas palavras do professor, mas sua mente era como uma teia, se lembrasse de uma palavra lembraria toda uma frase.
1 – Cite características que podem acabar com sua mentira. Cair no senso comum, ou seja, contar mentiras que são sempre usadas. Que são comuns. Esquecer a mentira, total ou parcialmente. Ter falta de criatividade para a manter. Não saber se controlar e ter falta de treinamento para poder rebater perguntas que podem vir a ser feitas por seu ouvinte.
2 – Qual a parte mais difícil de mentir? Manter sua história. Se lembrar da mentira para não ser pego em contradição.
3 – Qual o princípio que diz que você só deve mentir quando realmente precisar? Parcimônia, já que alega que quanto mais você mentir, menor credibilidade terá. Ou seja, torna a mentira a sua última opção.
4 – Qual o princípio que diz que quanto mais real for sua mentira, mais fácil ela será de ser contada e engolida? Believe in yourself, dizendo que s você acreditar em sua mentira, mais fácil ficara dos outros fazerem o mesmo. Afinal, se você não acreditar em si, ninguém é obrigado a o fazer, e sua mentira não passaria disso: mentira.
5 - Qual a importância que as pessoas envolvidas em seu plano fiquem o mais próximo possível de você? Quanto mais próximas, mais vai as conhecer, e ficará mais fácil de modificar seu plano, traçando um desvio se for necessário.
6 – Porque às vezes é importante admitir que errou? Para provar que teria coragem o suficiente para admitir que errou. Não trata-se apenas do erro, mas sim da coragem de falar a verdade, de honrar sua palavra ou suas ações. Provando que teria tal coragem, pode usar isso em seu favor.
7 – Ao que se refere a teoria “caixa de bombons”? Tem relação com a aceitação da mentira. O exemplo que origina o nome é em questão de um bombom envenenado. Se o entregar sozinho, pode levantar suspeitas e a pessoa simplesmente não comer. Isso ocorre com a mentira, que se for tradicional e costumeira, tem chance menor de ser aceita do que aquela que tem verdades em sua composição.
8 – E como fabricar bombons? Tendo honra, como explicado na questão de número seis. Quanto mais admitir que errou, mais à vontade o ouvinte ficará em relação à você. E as mentiras, com um recheio de verdade, podem fluir mais facilmente, te ajudando a fazer os tais "bombons".
9 – Se mentir de improviso é muito arriscado, então o que é necessário fazer? Deve treinar a mentira, não a decorar, mas sim pegar o costume de mentir. Várias mentiras diferentes para cada situação. Criar em sua própria mente, possíveis argumentos e os treinar responder. Quanto mais natural fluir sua fala, melhor ficara sua mentira, ou seja, mais fácil de aceitar e tê-la como verdade. Então, para mentir de improviso, basta treinar. E algum dia, mentir irá se tornar tão natural quanto respirar. Ou seria a respiração uma mentira? Pode dizer que pe verdade, mas já pensou que o que vive pode não passar de um sonho, onde tudo é possível?
10 – Qual o melhor jeito de fazer uma mentira ser aceita? Usando a teoria dos bombons. Misturar mentiras deslavadas com as mais puras verdades. Por mais falsa que seja sua fala, a embalar com verdades pode passar confiança para quem te ouve. Mas nunca exagere, detalhes demais ou de menos podem estragar tudo, ou seria essa sua real intenção? Acabar com uma verdade, fazendo os outros pensarem que é mentira?