Coliseu, Roma

Estava em um dos destinos que Shelly adoraria ir um dia, tipo uma lista que discutiríamos para a lua de mel. Verificando no celular a hora enquanto o código de imagem procurava Carlos Nigul, um dos informantes da máfia. Olhando para o espaço vazio de hotel parecia que tudo se repetia, com a cama no lugar do carro, a sensação de não conseguir me mover e os olhos dela sem vida enquanto o corpo sofria aqueles movimentos do abuso.

Pluma não podia me falar isso, mas queria saber se ela iria descansar em paz um dia, pois se assim como eu ela ficasse num limbo de nada valia a vingança. O peso nos meus ombros não sumiria sabendo que fizera tudo aquilo e ela continuaria com coisas a resolver na terra. Aquele olhar não me deixava em paz, como um vício, ou uma mania que bastava uma oportunidade já estava ali realizando a mesma prática somando mais uma repetição.

A tela do computador piscou com uma mensagem sobre haver um contato de Nigul na máfia em Roma. Equipando meu corpo com as armas e deixando o programa rodar enquanto ia atrás desse pequeno atalho para o objetivo de estar ali. Coloquei o sobretudo preto e sai do hotel ligando o programa de reconhecimento indo atrás de onde o contato fora visto. Dando o tempo de sair do prédio e começar a andar pelas ruas, era alguma lanchonete perto do Coliseu, havia um caminho apontando no mapa como iniciei a me movimentar. Seguindo a seta e dicas de atalho por alguns becos.

Aquele lugar parecia ainda maior do que nas fotos, avistando ao longe o homem falando no telefone, segui até ele aproveitando da distração do telefone e o toquei no ombro chamando sua atenção. Ele se virou assustado e o telefone quase caiu da mão, sorriu e avisou que não era hora de brincadeira. Se virou voltando a falar no telefone e me forçando a ser mais direto do que costumava ser nessas situações. Puxando o celular dele e jogando para longe, o mesmo voltando a me olhar bravo, foi então que Pluma piou acima de mim.

Foi literalmente como ligar uma luz, ele parecia me reconhecer pelos seus olhos arregalados e já começando a correr. Sorri com o susto dele e o segui até o coliseu. O lugar não era tão bem bloqueado assim, então seguir o desesperado em fuga parecia uma trilha de pistas fartas não precisando de nada além de caminhar. Ele tentou as portas de frente, mas estavam trancadas por dentro, então tentou descer para a parte debaixo e Pluma denunciou pra mim com sua descida para o campo. Revirei os olhos com a ironia romana que ele buscava, até que pulei para o campo procurando alguma pisca dele.

Ele estava mancando e Pluma me indicava o caminho que ele fazia, seguindo o caminho para cima e depois para a direita. Ele estava indo para um beco sem saída e eu encurralaria ele facilmente. Retirando uma arma do coldre e assim que o avisto, ele se vira assustado por ter ficado preso e atiro na sua cabeça. O homem começou a se desfazer, me pus a correr até ele desconhecendo essa habilidade e não acreditando que ele ia escapar das minhas mãos daquele jeito. A bala passou pela metade da sua cabeça já desfeita em pó e então quando cheguei perto só vi as cinzas voando.

Soquei contra a parede que atirei de raiva, mas Pluma me chamou a atenção avisando que não era um poder do alvo. Haviam outros passando por isso. Ele não soube me explicar e enquanto voltava para a saída do Coliseu, ele foi me mostrando o que via, não eram todas as pessoas, mas um número considerável se desfazendo. Podia ser uma doença, ou um poder de alguém perto. Precisava sair das vistas, ou seríamos alvos, se é que essas pessoas eram escolhidas para “sumirem”.